segunda-feira, 5 de março de 2007

FINAL DE SEMANA NA LUA

Esse final de semana resolvi passar na Lua, mas antes tinha que ir até Tamandaré porque só de lá se pode ir à Lua. A primeira parada foi em minha casa que fica em um condomínio com mais 49 casas, esse aglomerado de casas na época de veraneio se torna uma verdadeira loucura que dura uns dois meses. São pessoas de todos os lugares, de todos os tipos, bebendo bebidas de todas as cores. Crianças correndo, gritando, chorando, bicicletas a voar, o ping-pong da bolinha de ping-pong batendo na mesa de ping-pong durante horas, a piscina de 11 por 6 que comporta inacreditáveis cinqüenta pessoas de todos os tamanhos e idades. Os gritos dos que vendem passa de caju, tapioca, pão, os sinos dos vendedores de picolé, a gaita dos comerciantes de quebra-queixo (que uns chamam de doce japonês, não sei porque, quebra-queixo combina mais) musicam o cenário junto com todos os outros tipos de músicas existentes na face da terra. Um lugar onde, ou você entra na festa ou “pegue seu banquinho e saia de mansinho”.

Mas esse não era o caso. Sabia que os dias de orgia tinham terminado junto com o carnaval e que este final de semana seria o oposto dos meses anteriores. Das 50 casas só a minha estaria ocupada, não ouviria sinos, nem gritos, nem gaitas, só o barulho do mar que fica a uns duzentos metros mas, que parecia estar na minha porta. Cheguei em casa depois de três horas de viagem em um ônibus da Cruzeiro lotado e vinte minutos na garupa da moto - táxi de André, o moto - taxista crente que estava puto porque naquele dia não haveria culto.

Desembarquei na entrada do condomínio, deixei minha mochila em casa e sai correndo em direção à praia para pegar o primeiro sopro de vento que me levaria até a Lua. Ela estava alta, redonda, linda, refletia em mim a luz do mundo, Ela era só minha; o mundo, o mar eram só meus, eu era só meu e de quem meus pensamentos permitisse. E lá fiquei; flutuando no vento, viajando no universo do meu egoísmo, sem remo, sem nada, esperando chegar até a Lua. Quando Nela desembarquei abri meus olhos e vi a Terra, era noite de Terra cheia, de eclipse solar. A Terra estava envolvida por uma aurora dourada, que deixava o azul cego. Eu continuava flutuando, desta vez no véu da Lua, admirando o universo, deixando que Ela me levasse. Não sei pra onde, mas Ela me jurou que um dia contaria.


COMUNICADO:

Às pessoas que acharam estranho, que achavam que eu estava com uma grande crise de depressão, pensando em acabar com minha vida, enlouquecendo por ter passado o final de semana isolado, saibam que: Só se vai à Lua sozinho!

3 comentários:

Anônimo disse...

Pedro, retribuo a visita. E bela surpresa! Teu blog é muito legal. Em relação a Lua, não pensei que você estivesse deprimido; na verdade, ou era um surto ou um uso peculiar de vasodilatores cerebrais. O surto, eu curava, pois sou psiquiatra; os vasodilatadores, nós usaríamos juntos!

abração
Artur

P. disse...

Artur, fico feliz por ter surpreendido você, agradeço também os elogios, isso me motiva a continuar escrevendo. E, desde já, o convido para os vasodilatadores...

Abraço

Anônimo disse...

maravilhoso...